Jornal das Autarquias | Janeiro 2025 - Nº 207 - I Série

Entrevista ao Presidente da Junta de Freguesia de Madalena

João Manuel Almeida Pinto

J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.J.- Um dos ex-libris da freguesia da Madalena são as praias que granjeiam ano após ano reconhecimento de qualidade através das 3 bandeiras azuis que são hasteadas todos os anos nas praias da freguesia atestando a sua qualidade. Paralelamente, a mancha verde da freguesia oferece aos madalenenses e a quem nos visita um sentimento de bem-estar e harmonia com a natureza pouco sentida em freguesias urbanas em redor. São ambos muito valorizados pela autarquia e promovidos como factor de qualidade e distintivos das demais freguesias.
O sector primário foi uma referência da freguesia em tempos idos, mas continua a haver bolsas de agricultores resilientes que mantém os seus terrenos em regime de cultura sazonal com objectivos comerciais. A importância que damos a este sector é visível por exemplo na criação recente de hortas comunitárias e na realização de um mercado local de frescos com periodicidade semanal.

J.A- Cada dia que passa, a violência doméstica, tem se tornado um autêntico flagelo. Quais as medidas poderão ser tomadas para que o mesmo seja atenuado?
P.J.- É um flagelo nacional cujas origens são diversas fazendo do tema um tema complexo que merece uma abordagem estruturada. Não temos registo de haver na nossa freguesia algum número fora do vulgar quanto a este tema, tendo, no entanto, noticia de algum caos através do Gabinete de Acção Social da Freguesia que prontamente acompanha as vítimas deste flagelo em conjugação com as autoridades judicias e judiciárias.
O acompanhamento de famílias desreguladas e sessões de formação sobre o assunto, são regularmente efectuadas pela Técnica de Acção Social da Freguesia.

J.A.- Esta situação está a tornar-se, quase como um hábito, inclusive nos jovens em situação de namoro. Qual a vossa opinião?
P.J.- A situação de violência, física ou psicológica entre relacionamentos e nos relacionamentos é sempre intolerável e o crescimento destas realidades no namoro acompanhado de uma tolerância da vítima e por vezes dos mais próximos constitui um sinal de profunda preocupação da comunidade perante um certo menosprezar do problema. O acesso imediato a dispositivos digitais e o uso dos mesmos virtualmente provoca um aumento da permissibilidade que não é controlado pelos atos tidos como morais e que salvaguardam a imagem de cada um. Usar os meios de comunicação para advertir, prevenir, informar de forma educativa será uma estratégia a seguir.

J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.J.- As populações mais enfraquecidas precisam de apoio financeiro e acesso a habitação acessível necessitando ainda mais de orientação. Situações de debilidade social acompanhadas de pouca instrução e desregulação social são um pasto fértil para que o dito ‘’elevador social’’ não funcione. Apenas com formação e educação será possível reverter quadros de pobreza.

J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, mesmo depois terem sido tomadas novas medidas para regular a sua entrada no Pais. Qual a Vossa opinião sobre este assunto?
P.J.- Na freguesia há uma comunidade de cidadãos oriundos do Brasil que no momento da sua chegada foram muito apoiados pela autarquia – com equipamento das suas casas e fornecimento de roupas para todo o agregado familiar – desde então têm sido acompanhados pelo Gabinete de Acção Social, mas estão completamente integrados na comunidade, trabalhando, tendo os filhos na escola e não havendo informações de qualquer evento menos adequado.
Todos os cidadãos, independentemente da sua origem, que venham para contribuir para a riqueza da comunidade e para crescer em e com a comunidade são bem-vindos.

J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre o parque da habitacional?
P.J.- Todas as medidas são bem-vindas por consideração à carência habitacional e aos constrangimentos na obtenção de uma casa digna a preços adequados na certeza de que o que quer que se faça será insuficiente face à grande carência neste âmbito.

J.A.- Os preços dos bens alimentares e outros, cada vez estão mais caros. Que medidas acha que o Governo deve tomar?
P.J.- A flutuação dos preços do cabaz alimentar, fruto de diversos motivos exógenos, tem sido grande mas tem vindo a estabilizar, pelo que o mercado vai funcionando e o próprio Estado criou várias medidas para atenuar tal, algumas bem-sucedidas, outras nem por isso, como por exemplo a redução do IVA que é incorporada na margem dos comerciantes não chegando ao consumidor final.

J.A.- Com os incêndios que lavraram este verão, como reagir com as inundações resultante das derrocadas provocadas pela degradação dos terrenos?
P.J.- O abandono das terras está na génese deste problema. No caso da freguesia da Madalena, a mancha arbórea sendo grande não tem grande valor botânico e as áreas são de reduzida extensão pelo que não se sente a questão dos fogos como noutras latitudes, nem, por consequência a questão de derrocadas ou inundações.

J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.J.- Há vários desafios para um prazo médio que impactam na vida da comunidade, mas um deles que é transversal aos demais prende-se com a pressão urbanística das freguesias do litoral e com acesso ao mar. O desafio é planear urbanisticamente a freguesia respeitando a sua idiossincrasia e valores compatibilizando vários interesses; dos proprietários dos terrenos aos promotores imobiliários.
Há um crescimento demográfico constante na freguesia que tem acontecido com harmonia mas que pressiona a necessidade de ter serviços que acompanhem esse crescimento contribuindo para uma maior relação dessas (novas) populações com a freguesia. Necessidade de ter ensino secundário no Agrupamento de Escolas da Madalena, aumento das instalações escolares.

J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste mandato?
P.J.- Saudável.

J.A.-Qual o apoio que recebem da câmara municipal as juntas de freguesia?
P.J.- Para além e apoios pontuais a actividades, há protocolos de delegação de competências que celebramos com a Câmara Municipal de Gaia que nos permitem ter meios financeiros para dar resposta às tantas solicitações da comunidade.

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia?
P.J.- Uma mensagem de confiança na equipa que governa os destinos da Freguesia, a certeza de que todos são ouvidos e que tudo faremos para conseguir melhorar a nossa terra e responder às tantas solicitações que nos endereçam.

J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.J.- Em pleno século “virtual” garantir a informação digital é uma vantagem para qualquer meio de comunicação. Todas as autarquias aposta na comunicação, procurando informar, incentivar, divulgar, sensibilizar e acautelar situações de crescimento para a população.
O Jornal das Autarquias estabelece uma visão global entre vários polos sociais e demográficos sendo um centro de informação, comparação e de bloco de ideias para um trabalho em social em rede.

Go top