Raul Miguel de Castro
J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.C.- O sector primário tem vindo a perder força no concelho da Batalha face ao abandono das terras. Não tem havido continuidade na exploração da agricultura, pois os descendentes com a mobilidade resultante de melhores condições (nomeadamente emigração) ou ainda por via de estudos académicos, radicaram-se noutros locais, perdendo-se capacidade de desenvolvimento agrícola do nosso território, caracterizado por minifúndio. Mantemos a valorização do segmento do Turismo onde tentamos apostar cada vez mais, até porque o Mosteiro da Batalha é património da Unesco, sendo o 3º monumento mais visitado do País;
J.A.-Como encara a violência nas escolas?
P.C.- É verdade que algumas medidas têm sido tomadas para mitigar o flagelo que é a
violência doméstica, mas são ainda insuficientes;
J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
P.C.- A violência nas escolas é um problema muito sério que vem afectando gravemente as Famílias e prejudicando as vítimas com sequelas inimagináveis. Há que agravar as medidas sancionatórias aos agressores e lançar uma campanha em larga escala para que Professores e Pais se mantenham alerta;
J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.C.- Infelizmente assim é. Trata-se de um problema que se agravou com a pandemia e que alastra por todo o Mundo, ampliado por alguns órgãos de comunicação social que “ajudam” a que muitos com sequelas de natureza mental, contribuam para essa situação. Mais uma vez, a Justiça não pode deixar de agravar algumas penas no âmbito desta temática;
J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas’
P.C.- Apoios para alimentação, para mitigar encargos com a habitação e de uma forma geral minimizar os custos energéticos, são os mais preocupantes. As Autarquias, especialmente as mais pequenas, também sofrem de dificuldades com os aumentos de diversos fatores (energia, tratamento de lixos e de esgotos e atualização de salários) para além de custos com a descentralização, cujos montantes compensatórios são deficitários, entre muitos outros, pelo que há impossibilidade de ajudar os mais carenciados, como desejaríamos;
J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas?
P.C.- Com o défice demográfico do País, a vinda de imigrantes é positiva. Mas a falta de conhecimento sobre capacitações, agregado familiar, nível académico, tem suscitado alguma confusão com a regulação dos mesmos. Muitos, assim que obtêm documentos seguem para países com melhores ofertas salariais, o que impede a normalização do mercado de trabalho, prejudicando as empresas que estão sem a capacidade produtiva necessária para responder aos seus clientes;
J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre sobre o parque da habitação?
P.C.- Vamos aguardar que este processo se desenvolva, para verificarmos da sua viabilidade. Por nós, já foi homologada a Estratégia Local de Habitação tornando-nos parceiro deste desígnio nacional de termos respostas para quem necessita de soluções habitacionais;
J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros! Quais medidas deverá tomar o Governo para colmatar esse flagelo?
P.C.- A solução mais óbvia passaria pela fixação administrativa dos preços de bens alimentares, mas numa economia de mercado, como é a nossa, tal solução é inviável. Esperemos que haja uma melhor fiscalização dos preços, demonstrando quem se aproveita da situação que vivemos;
J.A.- Que medidas pensa tomar durante o seu mandato?
P.C.- Estabilizar a gestão financeira e começar a construir aquilo que ainda não temos. É importante concretizar a maioria das propostas que apresentámos aos eleitores, apesar de inúmeras dificuldades;
J.A.- Com a aproximação do tempo quente, Verão, quais as medidas qe foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
P.C.- Para além do dispositivo habitual da Proteção Civil do concelho, há um plano circulante de vigilância de zonas críticas com o apoio das juntas de freguesia, dirigentes associativos de diversas áreas e população em geral. Pelo menos, tentamos assim, evitar a actuação de pirómanos, que podem ser detetados atempadamente;
J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.C.- A alteração do PDM em curso foi uma oportunidade para recuperarmos uma parte da área de construção perdida na revisão do Pdm de 2015. Nunca será como desejaríamos, mas algo se conseguiu. A normalização da estrutura funcional do município, onde os concursos de entrada ficam vazios, será outro desafio. A estabilidade financeira é outra prioridade importante;
J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste novo mandato?
P.C.- A situação financeira tem sido preocupante, pela falta de liquidez. Os valores deficitários da descentralização, devem ser repostos em nome da justiça que os municípios merecem;
J.A.-Qual o apoio que presta apoio às juntas de freguesia?
P.C.- Com as juntas de freguesia protocolamos inúmeros contratos interadministrativos, para além de muitos outros apoios, sendo relevante o apoio para intervenções na rede viária, atribuído de forma proporcional em função do princípio da subsidiariedade e do número de eleitores;
J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia
P.C.- O Poder Local é talvez o exercício mais importante no desenvolvimento de qualquer território num regime democrático. Imaginem como eram os vossos territórios há 40 anos e como são hoje. Por isso não percamos a esperança de em conjunto ambicionarmos a concretização de mais e melhor território. Quando assim não acontece, temos a possibilidade de mudarmos de 4 em 4 anos;
J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.C.- Confesso não ser um leitor assíduo do Jornal das Autarquias e daí a minha surpresa pelo conteúdo do questionário apresentado. Transversal qb., pragmático e acima de tudo uma radiografia ao Poder Local do País. Parabéns pelo trabalho