Entrevista do Presidente da Câmara Municipal de Mourão

João Filipe Cardoso Fernandes Fortes

J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
C. M.- O turismo tem sido um motor pujante da economia local. Não só os serviços e produtos tradicionais relacionados com o setor de atividade, mas também o efeito multiplicador que tem, indiretamente, noutras áreas comerciais no próprio território.

Apesar do setor terciário estar visivelmente em crescendo, o setor primário é absolutamente fundamental num concelho com a área territorial, os solos e a ruralidade de Mourão. No entanto, para que este setor se afirme, é absolutamente fundamental que a tutela desbloqueie e avance para o Bloco de Rega Mourão-Granja.

J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
C. M.- Este é um fenómeno social que apesar de todos os esforços e ações de sensibilização continua a ser difícil de erradicar na totalidade. É a meu ver um problema de consciência moral e pessoal pelo que tanto o Governo como as Autarquias, pesem embora, as várias iniciativas que têm levado a cabo, não conseguem mudar se o cidadão, que é prevaricador, não estiver disposto a uma autorreflexão e mudança pessoal.

J.A.-Como encara a violência nas escolas?
C. M.- Qualquer ato de violência contra outros é um atendado à liberdade individual. A violência física ou psicológica/emocional é um flagelo para o qual a comunidade de auxiliares e docentes deve estar preparada para identificar e sinalizar por forma a ser possível um acompanhamento e resolução efetiva. Não podemos permitir, de forma alguma, que num Estado de Direito, crianças possam por livre arbítrio exercer medo, coação ou força sobre outros, correndo o risco de o futuro ser tudo menos igual e justo.

J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
C. M.- Não havendo casos de conhecimento público no concelho que dirijo não me poderei pronunciar, ainda que uma vez mais, como referido atrás, qualquer tipo de ato que viole a liberdade, bem-estar, determinação e pessoalidade, deve ser totalmente reprovável. Felizmente, temos uma articulação estreita com a CPCJ local pelo que qualquer caso que roce inquietação é prontamente acompanhado pelos vários técnicos e personalidades envolvidas.

J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
C. M.- A autarquia tem feito um esforço com o lançamento de programas sociais de apoio às IPSS, seniores e tecidos mais vulneráveis. Tanto no apoio à saúde, no acesso à cultura e desporto, assim como na aquisição de bens de primeira necessidade, temos desenvolvido um trabalho para que ninguém fique para trás.

J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas. Temos verificado, cada vez mais, o aumento da imigração! Como reage às más condições, de trabalho e sustentação, que os mesmos estão ser tratados?
C. M.- Apesar de acompanhar a situação com preocupação e de forma atenta, pugnando por maior fiscalização das entidades competentes, a verdade é que no concelho de Mourão este fenómeno não é sentido.

J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre o parque da habitação?
C. M.- Insuficientes. Atrasadas. Não escutar as autarquias no processo e impor um conjunto de normas por decreto, esperando que os municípios possam colmatar anos de ausência de investimento público em matérias de habitação parece-me de extrema prepotência e um tapar de olhos com areia.

J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros. Acha que as medidas tomadas pelo Governo são suficientes?
C. M.- Os conflitos globais, com enfoque na Guerra Rússia-Ucrânia, bem como a inflação, têm sido inimigos flagrantes da estabilidade dos preços. Apesar das medidas residuais, julgo que o Governo deveria diferenciar politicas claras para aqueles que são os mais necessitados, correndo o risco de, beneficiando todos pela mesma medida, persistir e ajudar a inflação a manter-se alta por muito mais tempo.

J.A.- Com a chegada das temperaturas elevadas, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
C. M.- Ações de contacto através do serviço de proteção civil e corpo de bombeiros com proprietários, além de comunicação frequentes de boas práticas a seguir. Foi um ano sem indecentes de maior a registar. Felizmente.

J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
C. M.- A oferta de uma creche que apoie os projetos de famílias que decidem ficar no concelho, assim como garantir o surgimento de projetos empresariais que promovam a diminuição do desemprego e baixos rendimentos.

J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste mandato?
C. M.- Apesar de uma herança pesada a nível das dividas assumidas, a autarquia tem garantindo um saldo corrente superior a 1 milhão de euros, além de reduzir os prazos de pagamentos aos fornecedores e, ainda, amortizar antecipadamente alguns compromissos financeiros. Tudo isto sem prejudicar o investimento público que é essencial para o desenvolvimento do concelho.

J.A.-Qual o apoio que presta às juntas de freguesia?
C. M.- Estamos neste momento a terminar a negociação dos autos de transferência de competências para cada uma das juntas o que significará um reforço face aos acordos de execução em vigor na ordem dos 30 mil euros. Além disso, apoiamos com protocolos as festividades tradicionais e, ainda, em toda a linha de logística e serviços necessários à boa prossecução dos objetivos das juntas.

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia?
C. M.- Que possamos acreditar num futuro melhor e com mais confiança. Os desafios de contexto são variados e nem sempre é possível afinar o passo na medida que todos gostaríamos, mas não tenho dúvidas em reiterar que Mourão está no caminho certo para a sua afirmação e progresso.

J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
C. M.- Um trabalho singular e aglutinador das várias perspetivas sobre o Poder Local. Que possam continuar a ser a voz daqueles que mais próximos estão das pessoas. Obrigado.

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