Pedro Margarido
J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
PUF- O sector primário, nomeadamente a agricultura e as pescas, são em conjunto com o setor do turismo uma constante preocupação da União das Freguesias de Lourinhã e Atalaia, sendo que as consideramos como as atividades âncoras do desenvolvimento socioeconómico deste território, que está dividido entre o litoral mais urbano e o interior, na sua maioria rural. Por este motivo a Junta de Freguesia de Lourinhã e Atalaia desenvolve várias atividades durante o ano de apoio e promoção quer do turismo quer da agricultura. Atividades como por exemplo a Feira Saloia, o Festival da Abóbora e a animação cultural de Verão nas praias da Freguesia. Este ano, estamos a agendar fóruns temáticos com o objetivo de abordar os problemas dos setores e encontrar em conjunto soluções para o desenvolvimento destes sectores. Quero ainda dizer que estamos em permanente contacto e sempre disponíveis para apoiar e colaborar com os agricultores e empresários da Freguesia.
J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
PUF- Na minha opinião todas as medidas que venham a ser tomadas pelas autoridades são fundamentais para proteger as vitimas, mas julgo que este é um problema cultural e pedagógico. Temos de educar as próximas gerações para que não repitam os maus exemplos que por vezes têm em casa e esse deve ser também o desígnio, não só da comunidade escolar, mas da sociedade como um todo. Não é fácil intervir no seio familiar e as pessoas têm medo e vergonha de denunciar estas situações. Este é um problema da sociedade que infelizmente tem-se agravado que julgo em parte devido ao deterioramento das condições económicas das famílias e também por termos uma maior diversificação cultural, derivada dos fluxos migratórios. Felizmente na União de Freguesias de Lourinhã e Atalaia os casos são raros, não temos dados relativos ao aumento da violência doméstica e, julgo, que as autoridades locais e os serviços de apoio social Municipal têm feito um trabalho exemplar no acompanhamento de situações de risco.
J.A.-Como encara a violência nas escolas?
PUF- Qualquer tipo de violência, quer seja física ou psicológica é condenável, seja em casa, na escola ou na rua. Temos de evoluir enquanto sociedade e compreender que é em conjunto, com entendimento e solidariedade que podemos desenvolver e criar um futuro mais solidário, mais sustentável e mais próspero. Mais uma vez realço que este é um problema civilizacional e de educação porque ainda não fomos capazes de transmitir às novas gerações que o caminho para o futuro tem de ser feito em união. De novo, nesta Freguesia, são raros os casos de violência escolar e aproveito para congratular os professores, educadores, auxiliares e todos os profissionais que trabalham nos estabelecimentos escolares da Freguesia pelo excelente trabalho que têm realizado com as nossas crianças e jovens.
J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
PUF- Como já referi e pelo que posso constatar nesta Freguesia, julgo que as autoridades Nacionais e Locais têm realizado um trabalho importante na sinalização e acompanhamento de situações de risco. Na minha opinião, formaram-se no passado gerações às quais não foi “ensinado” a aceitar um “não”. Existe um problema de fundo que tem que ver com a educação e a informação. Por um lado, os nossos jovens passam mais tempo “sozinhos” na escola e em casa, devido aos pais, avós e outros familiares terem ocupações profissionais, por outro lado a informação que lhes chega não é filtrada e são bombardeados diariamente com situações de confronto e subjugação o que, no meu ponto de vista, leva a uma normalização de comportamentos que deveriam ser repudiados. Temos enquanto sociedade, estar atentos quer nas comunidades quer a partir da nossa casa.
J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
PUF- As situações que nos chegam são na sua maioria a dificuldade em cumprir com os pagamentos de bens essenciais como a água, a eletricidade e o gás. Infelizmente existem ainda alguns casos de carência alimentar, mas num universo de 12 mil eleitores, esses são pontuais. A Junta de Freguesia está colaborar com entidades Nacionais e Locais no encaminhamento das situações que surgem como por exemplo, para o Banco Alimentar e para os serviços de apoio social do Município. Quero ainda realçar que a Junta de Freguesia de Lourinhã e Atalaia aderiu ao programa de apoio à compra de Gás engarrafado protocolado entre a ANAFRE e o Governo e já realizámos a entrega desse apoio a cerca de 80 cidadãos.
J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas?
PUF- Portugal sempre foi um país de emigrantes e imigrantes e julgo que gostamos de receber todos como gostaríamos de ser recebidos nos outros países. Os imigrantes são uma mais valia para a região porque existe nos setores primários falta de mão-de-obra. Todavia temos um grave problema no mercado de arrendamento de casas o que leva a que haja uma sobrelotação habitacional e o uso indevido de espaços que não estão licenciados para habitação, como armazéns, garagens ou lojas. Estes problemas estão sinalizados e estamos junto com as autoridades locais a sensibilizar os proprietários e a comunidade para debelar este problema, tendo como principal objetivo proteger e integrar estes cidadãos.
J.A.- Que medidas pensa tomar durante este novo mandato?
PUF- Neste novo mandato vou continuar a pautar pelo desenvolvimento socioeconómico da Freguesia colocando as pessoas sempre em primeiro. Sendo este o meu último mandato quero deixar ao meu sucessor um território preparado para os desafios do futuro, um território inovador e sustentável quer do ponto de vista económico quer ambiental e ainda uma autarquia com recursos humanos e bem equipada, bem como uma situação financeira estável que lhe permita continuar esta senda de desenvolvimento.
J.A.- Devido à seca extrema que se passou no País durante o Verão, e agora o mau tempo que estamos a atravessar, indique-nos como está essa região a reagir a este flagelo?
PUF- Devido às caraterísticas naturais da Freguesia, por um lado o litoral e por outro o interior rural que é atravessado por três rios, não foi sentida com a intensidade a seca que grassou o país, isto porque as autarquias têm ao longo dos anos tomado medidas para minimizar esse problema. De igual forma, também têm sido tomadas medidas preventivas contra as situações de inundações, estando sinalizados os principais pontos negros que são intervencionados preventivamente quando são emitidos os alertas. No entanto, as situações extremas, principalmente as de chuvadas intensas num curto período de tempo, têm sido mais frequentes e essas são impossíveis de precaver. Por mais medidas que sejam tomadas, quando não há capacidade do solo de drenagem e escoamento de água, as inundações irão ocorrer. Por isso e aqui deixo uma palavra de apreço ao Município, nomeadamente ao Serviço Municipal de Proteção Civil, nos últimos anos temos colaborado com este serviço municipal que tem desenvolvimento um excelente trabalho não só de prevenção mas também de intervenção em casos de urgência.
J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
PUF- Na minha opinião e do executivo os problemas mais prementes são os relacionados com o trânsito e as vias de comunicação, nomeadamente as estradas Nacionais, as questões relacionadas com o aumento de custo de vida para a população, as questões relacionadas com a zona costeira, nomeadamente as arribas e os problemas já aqui referidos, relativamente ao mercado de arrendamento de habitação e à imigração.
J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste novo mandato?
PUF- A Junta de Freguesia sempre se pautou por uma gestão equilibrada no cumprimento das competências que lhe são atribuídas pelo estado e delegadas pelo Município. É um desafio constante a gestão territorial de uma Freguesia com uma área que é cerca de 40 por cento do concelho e com uma população de mais de 12 mil residentes entre localidades urbanas e rurais. O executivo gostaria de ter mais verbas para realizar mais obras que julga serem essenciais para o desenvolvimento do território, como por exemplo a construção de um pavilhão multiusos de exposições, na vila da Lourinhã. De qualquer forma tem fundos para realizar pequenas obras e para resolver os problemas do dia-a-dia dos cidadãos, sem deixar de cumprir escrupulosamente e atempadamente os seus compromissos com os seus fornecedores.
J.A.-A câmara presta apoio às juntas de freguesia?
PUF- A Câmara Municipal da Lourinhã é um excelente exemplo de como o trabalho em conjunto e o apoio às Freguesias é uma “alavanca” para o desenvolvimento do Concelho. Graças às ótimas relações institucionais tem sido possível realizar obras e encontrar soluções para os problemas que vêm surgindo no território com eficiência e custos reduzidos. A Câmara Municipal da Lourinhã foi pioneira na delegação de competências para as Freguesias e muito se tem realizado, fruto dos protocolos e contratos interadministrativos, em todos as áreas de atuação das autarquias.
J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia
PUF- Quero mais uma vez transmitir à população da Freguesia, e também aos cidadãos que venham a residir na Freguesia, que nós estamos sempre disponíveis para os apoiar. Temos estado sempre na defesa dos cidadãos a nível local, regional e Nacional. Somos uma Freguesia dinâmica com uma visão de futuro e empenhamo-nos no dia-a-dia para proporcionar mais qualidade de vida à população.
J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
PUF- Quero primeiro que tudo agradecer o interesse pela Freguesia e dar os parabéns ao Jornal e à equipa que o compõem pela excelente divulgação do trabalho realizado pelas Freguesias. Faço também votos que o Jornal continue por muitos anos em prol das Freguesias e das Populações.