Rui Manuel Gomes Nunes
J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.U.F.-Cada vez mais, com o aumento de custo de vista, o sector primário está a ser novamente valorizado. Os produtos estão cada vez mais caros e estamos cada vez mais a perder poder de compra. O turismo também está também e tendencialmente a ser valorizado: existem alguns projetos de alojamento local e algumas intenções de projetos futuros e, cada vez mais, estamos com esperança que os turistas, para além de passaram na União de Freguesias, fiquem cá por algum tempo e possam deixar algum investimento para incentivar o comércio local.
J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
P.U.F.-A violência doméstica é fruto da nossa sociedade atual, que há já algum tempo perdeu os valores que vigoravam no passado. São exemplos desta situação, o conceito de família, a educação e o respeito pelo próximo.
Se as pessoas não tiverem uma educação, onde desde muito cedo se comece a implementar estes valores, não se pode esperar que estas estejam preparadas para assumirem compromissos sérios de união e o que isso tem subjacente, como o respeito, a partilha, a amizade, a solidariedade, etc…
O trajeto que esta sociedade está a seguir, com a perda destes valores fundamentais, leva-nos a estas situações de desentendimento, de falta de respeito, de subjugação, que incentiva as pessoas a partirem para a violência.
Foram já tomadas algumas medidas que considero muito importantes, mas ainda há muito por fazer no que diz respeito a esta matéria.
J.A.-Como encara a violência nas escolas?
P.U.F.-As principais causas da delinquência infantil são o sistema educativo que vigora nos dias de hoje e a atual legislação, que, em meu entender, protege em demasia os jovens. O que era de mais no passado passou a ser de menos no presente.
Os jovens têm uma psicologia muito forte. Ao aperceberem-se desta superproteção, principalmente aqueles que não têm muito acompanhamento em casa, exploram esta situação, chegando a fazerem chantagem com os pais, encarregados de educação e professores.
Em minha opinião, este é um assunto muito sério, sobre o qual os nossos governantes se deveriam preocupar. Começarem por alterar a legislação e sensibilizarem os pais para uma correta e dedicada educação, pois esta tem de começar em casa.
J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
P.U.F.-Os maus tratos na infância são muitas vezes invisíveis e difíceis de identificar, e este é um alerta deixado pelo própria Comissão Nacional de Proteção das Crianças, segundo a qual (dados de 2023), e que nos dizem que anualmente cerca de 70 mil crianças. Sabemos também que 2023 foi o ano com maior número de crimes de abuso sexual de menores no espaço de um ano e que a violência doméstica continua a representar mais de 70% dos crimes reportados. Perante estes números não há como não se ficar preocupado. Na nossa União de freguesias, existem algumas dificuldades, devido á falta de instituições de apoio e a segurança social que parece algo ausente, para identificar e ajudar as vítimas de maus tratos. É inequívoco que é de vital importância a existência de uma rede de suporte robusta que inclua assistência médica, psicológica e jurídica para todas as vítimas.
J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.U.F.-Esta autarquia tem uma população envelhecida e que necessita cada vez mais de recursos financeiros para suprir as muitas necessidades básicas.
Começando pelo transporte que é bastante limitado, em que idosos e as pessoas com menos recursos, das aldeias da freguesia tenham bastantes dificuldades para se deslocarem e terem acesso a serviços básicos e que muitos deles só existem na Cidade.
A população mais idosa, também não tem disponível na freguesia algumas instituições com valências, como o Lar, o Centro de Dia e o Apoio Domiciliário. Sendo este último de grande importância no que diz respeito ao apoio que dedica à população mais envelhecida, e com menos apoio familiar.
J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas. Temos verificado, cada vez mais, o aumento da imigração! Como reage às más condições, de trabalho e sustentação, que os mesmos estão ser tratados?
P.U.F.-Recebemos alguns(poucos) imigrantes com um espírito de inclusão e solidariedade. Estamos comprometidos em combater as más condições de trabalho e promover a igualdade de oportunidades para todos os residentes. Isso equivale a sinalizar situações que possam se consideradas suspeitas e que possam indiciar esquemas menos claros e legais para com os imigrantes que nos procuram. Temos de ter sempre em mente que Portugal também é um país de emigração e que não poderemos colocar quem nos procura em busca de uma vida melhor, em situações precárias que não desejaríamos para nós ou os nossos.
J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre o parque da habitação?
P.U.F.-Tendo em conta a conjuntura atual, provocada quer pela subida da taxa de juros quer pelas rendas praticadas no mercado, na generalidade, concordo com as medidas apresentadas pelo Governo para a habitação.
No entanto, não serão estas medidas a implementar suficientes para resolver a situação, se serão eficazes e, até, se serão as mais adequadas nalguns casos.
J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros. Acha que as medidas tomadas pelo Governo são suficientes?
P.U.F.-Os bens essenciais têm que ser fiscalizados na sua venda, desde a saída do produtor ao supermercado, às vezes ou por vezes o intermediário fica a ganhar o dobro de quem produz. Tivemos a questão do IVA 0 % mas quando vamos ao supermercado não se vislumbra essa redução nos preços.
J.A.- Com a chegada das temperaturas elevadas, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
P.U.F.-Com o apoio do Município e do seu departamento florestal foram efetuadas ações de sensibilização, aqui na freguesia, chamando a atenção da população para a limpeza dos terrenos e para os cuidados que devem ter quando fizerem queimas e queimadas.
Foram também informados da existência de uma plataforma informática, na qual tinham que fazer os registos das queimas e queimadas e a obtenção da autorização ou da não autorização, para efetuarem as mesmas. No caso de não conseguirem ou de não terem possibilidades de o fazerem em casa, a Junta de Freguesia está à disposição para fazê-lo.
Foram afixados diversos cartazes na sede da junta e em lugares públicos, no seguimento dessas ações de sensibilização.
J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.U.F.-O maior problema com que a União de freguesias se debate continua a ser o da criação de emprego para a fixação dos jovens.
A população está envelhecida, problema que é transversal às zonas do interior, devido à deslocação dos mais jovens para os grandes centros, onde há mais e melhor oferta de emprego.
Como já disse anteriormente, a principal aposta futura passa pelo investimento na indústria e no turismo, para a criação de postos de trabalho e consequentemente para a fixação dos jovens nesta localidade.
De alguns anos a esta parte continua a denotar-se a redução de nascimentos na freguesia e um decréscimo de alunos inscritos na pré-primária e primeiro ciclo, que são sinais alarmantes.
J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste mandato?
P.U.F.-A situação financeira desta freguesia é boa. Não tem dividas e não recorreu ao crédito.
Fruto de uma gestão rigorosa e de um grande controlo orçamental, vamos cumprindo com as nossas responsabilidades, sem nunca embarcarmos em loucuras.
É claro que gostaríamos que o nosso orçamento fosse mais elevado. Que o orçamento do estado comtemplasse as juntas de freguesia com verbas superiores às atuais. Só assim as juntas conseguiriam fazer mais obras e serem mais independentes. No atual cenário fazemos projetos, mas temos sempre que pedir apoio ao município para os concretizar.
J.A.-Qual o apoio que recebe da câmara municipal às juntas de freguesia?
P.U.F.-A Câmara tem prestado algum apoio às juntas do concelho. Apoio financeiro, no âmbito das delegações de competências, umas que já existiam e outras que surgiram com o decreto-lei nº 57/2019, nalguns projetos que a junta lhe apresenta e nas
Apoio financeiro e logístico, nas festas e restantes eventos que se vão realizando;
J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia?
P.U.F.-Gostaria de agradecer a confiança depositada na nossa gestão e reafirmar o nosso compromisso com o bem-estar e o progresso da nossa União de Freguesia. Estamos aqui para ouvir e servir todos os cidadãos, trabalhando juntos para construir uma freguesia para ser bem vivida e isso implica: mais coesa, inclusiva e próspera.
J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.U.F.-Continuar com o bom trabalho e irem aos locais mais icónicos do nosso país para dar a oportunidade de dar voz aos que nem sempre são ouvidos.