Entrevista ao Presidente da União de Freguesias de Foz do Sousa e Covelo

Silvino de Sousa Paiva

J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
PUF.-O turismo de natureza na nossa União de Freguesias é um setor muito importante e com grandes potencialidades de crescimento. Existem na nossa União de Freguesias vários trilhos pedestres, parques de merendas, zonas idílicas e paisagens deslumbrantes para explorar. Os Moinhos de Jancido e a Aprisof são organizações que têm vindo a desenvolver um trabalho fantástico na preservação, requalificação e divulgação de toda esta zona. O setor primário da atividade económica na nossa União de Freguesias tem sido abandonado ao longo dos anos, fruto do envelhecimento da população que maioritariamente desenvolvia este setor, do desinteresse dos mais novos e da crescente implementação de regras para a produção de produtos locais, derivados deste setor.

J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
PUF.-A violência doméstica é um flagelo que tem que ser combatido com a educação, embora as medidas punitivas para controle deste tipo de comportamento sejam sempre necessárias. Há muitos fatores que contribuem para este flagelo, como sejam a falta de acompanhamento psicológico, o contexto socioeconómico, ou as condições e relações familiares, mas principalmente a falta de educação e respeito pelo outro e nalguns casos até, o completo desprezo pela vida humana, que infelizmente grassa nas nossas sociedades.

J.A.-Como encara a violência nas escolas?
PUF.- Uma vez mais a educação. Muitas famílias hoje, demitem-se da sua responsabilidade de educar e de incutir nos seus membros os valores do respeito, da tolerância e da solidariedade. E mais grave é entenderem que compete às escolas essa função. É um problema que nos merece a maior atenção e preocupação, não só pelos casos que infelizmente ocorrem, mas sobretudo pelo ambiente intimidatório em meio escolar, que é necessário combater.

J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
PUF.-Esta questão está intrinsecamente ligada às duas questões anteriores. É essencialmente uma questão de falta de educação, disciplina, civismo e de respeito pelos outros. Infelizmente, é este o espelho das sociedades que estamos a criar.

J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
PUF.-A nossa União de Freguesias, à semelhança de muitas outras com caraterísticas rurais, em que a sua população tem uma percentagem elevada de envelhecimento, com poucos rendimentos, pensões baixas e condições de vida precárias em muitos casos, a vertente social tem uma importância fundamental para dar alguma dignidade aos mais necessitados e para atenuar as consequências dessas condições.

J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas. Temos verificado, cada vez mais, o aumento da imigração! Como reage às más condições, de trabalho e sustentação, que os mesmos estão ser tratados?
PUF.-A nossa união de Freguesias não tem sido muito procurada pelos imigrantes e esse problema não atinge aqui, as proporções que noutras zonas do País. O Município de Gondomar tem o Gabinete do Imigrante e na sua grande maioria os imigrantes têm sido bem acolhidos e encaminhados para as respostas que existem, à exceção de um ou outro caso que infelizmente acontece por inadaptação.

J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre o parque da habitação?
PUF.-As medidas sobre o parque habitacional são positivas. O nosso grande problema tem a ver com a opção errada no passado, quando grandes cidades europeias apostaram em habitação pública, nós optamos por apostar em habitação social. Hoje temos o parque habitacional social degradado, com uma fatura gigantesca em termos de manutenção do edificado e sem capacidade para intervir ou influenciar o brutal aumento dos preços da habitação, em resultado da grande procura.

J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros. Acha que as medidas tomadas pelo Governo são suficientes?
PUF.-Para já, a constatação é de que as medidas tiveram efeito positivo. As causas das subidas são externas e globais e os seus efeitos são mais penosos onde o nível salarial e o poder de compra é baixo, como é o nosso caso. As medidas devem ser concertadas a nível europeu, mas suficientes, nunca serão.

J.A.- Que medidas pensa tomar durante o seu mandato?
PUF.-Estamos sensivelmente a meio do mandato. Foi necessário estabilizar financeiramente a Junta. Neste momento não existem dívidas e todos os pagamentos são efetuados em 30 dias. Estamos a dotar a Junta de meios e equipamentos para fazer face aos compromissos operacionais e sociais assumidos. Conseguimos realizar o evento “Tasquinhas de Verão”, para promoção da nossa gastronomia, do nosso associativismo e do nosso território, tendo acontecido a 2ª edição este ano, com êxito assinalável.

J.A.- Com a chegada das temperaturas elevadas, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
PUF.- Esta é sem dúvida a maior dor de cabeça que qualquer responsável autárquico tem, principalmente num território como o nosso, essencialmente rural e dominado por grandes áreas florestais. As alterações climáticas e os fenómenos extremos cada vez mais frequentes, vieram introduzir um grau de perigosidade, imprevisibilidade e ameaça nunca vistos e com consequências devastadoras para pessoas e bens como temos assistido infelizmente. O nosso território debate-se com vários problemas a este nível. As identificações por não haver registo de todos os terrenos e desconhecimento dos verdadeiros proprietários. O abandono e desinteresse que alguns proprietários irresponsavelmente demonstram, protelando e ignorando muitas vezes as solicitações e os avisos que são feitos. A grande prioridade e estamos a desenvolver todos os esforços nesse sentido é conseguirmos aceder diretamente ao programa de registos no sentido de agilizar os processos de identificação e notificação e salvaguardar as faixas de segurança junto das povoações.

J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
PUF.- Os problemas mais prementes prendem-se com a falta de uma rede de transportes que sirva as pessoas que não têm meios e que liguem os diferentes lugares, muito dispersos da União de Freguesias. As acessibilidades são também um problema, em virtude de algumas indústrias implantadas em lugares com acesso condicionado a veículos pesados e está em fase de projeto a ligação da A43 á Foz do Sousa, o que vai facilitar em muito a mobilidade no território.

J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste mandato?
PUF.- A situação financeira desta Junta de Freguesia está perfeitamente estabilizada e neste momento, conseguimos ter folga alguma financeira para algum imprevisto ou necessidade que possa ocorrer.

J.A.-Qual o apoio que presta às juntas de freguesia?
PUF.-Às Juntas de Freguesia é prestado apoio administrativo, operacional e social.

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia
PUF.-A mensagem que quero transmitir à nossa população é uma mensagem de tranquilidade. Todos sabemos que os problemas são muitos, todos querem tudo e ao mesmo tempo, há muitas situações que não dependem de nós e por vezes não há noção disso, temos consciência de que ficamos muitas vezes aquém do que seria necessário, mas tudo fazemos para que as situações se resolvam.

J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
PUF.- Quero deixar uma mensagem de apreço e agradecimento ao Jornal das Autarquias pelo trabalho de divulgação que desenvolve e desejar a todos os administradores e a todos que nele trabalham, os maiores sucessos e felicidades.

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