Célia Maria da Silva Pessegueiro
J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.C.- O nosso conceito de turismo implica que se valorize a agricultura, uma vez que apostamos num concelho autêntico. A Ponta do Sol procura aliar uma política de preservação da natureza, manutenção da paisagem agrícola, aposta na cultura e na valorização do património.
Tornou-se comum ouvir que a ‘Ponta do Sol está na moda’. Algo que nos enche de orgulho, mas que também vem comprovar que a política seguida pelo município para a valorização do concelho tem surtido efeito no desenvolvimento da nossa terra.
Os últimos dados mostram que as dormidas na Ponta do Sol têm aumentado ano após ano, colocando de lado a ideia de que o concelho seria uma terra de passagem. Tal facto levou a um crescimento do alojamento local e das pequenas unidades hoteleiras.
Também o facto de a Ponta do Sol ser primeira “Digital Nomad Village” foi um marco importante para a afirmação do município. De modo a potenciar esta nova vertente, a Autarquia investiu na melhoria dos espaços de trabalho e, essencialmente, na melhoria do sinal de internet em vários pontos do Município.
No setor primário, o concelho é conhecido pela produção de banana, cana-de-açúcar e produtos hortícolas. Pelo que apostamos fortemente na melhoria das condições de trabalho dos agricultores, promovendo obras que vão ao encontro das suas pretensões e que facilitem o labor da terra. São vários os exemplos desta aposta, um pouco por todo o município, como são a requalificação e construção de levadas, poços de rega, caminhos agrícolas e veredas.
A Ponta do Sol valoriza e continuará a valorizar o importante papel dos agricultores.
J.A.- As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica serão suficientes para atenuar esse flagelo?
P.C.- Enquanto houver um caso de violência doméstica, as medidas tomadas por qualquer Governo contra esse flagelo serão insuficientes. No que diz respeito à realidade da Ponta do Sol, as medidas tomadas pelo Governo Regional são tão poucas e tão mal divulgadas, que é como se não existissem. A realidade traduz um desconhecimento generalizado por parte da população de tais mecanismos. Quando temos conhecimento de algum caso, procuramos encaminhar para as instituições de apoio, mas ainda é necessário agilizar mais esses processos e criar mais condições de proteção às vítimas.
J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.C.- A Ponta do Sol é um concelho pequeno, rural, sem bairros sociais e com uma população que integra bem os mais enfraquecidos. As populações mais idosas, os que têm menos rendimentos e os mais marginalizados têm sempre o acompanhamento dos vizinhos, que proporcionam uma ajuda mais imediata, em primeira instância, e sinalizam as situações junto das instituições. Muitas das situações de pedido de apoio que nos chegam são através dos vizinhos A par disso, a Câmara apoia todas estas pessoas através do movimento associativo para apoio direto aos mais idosos, por exemplo, ou com os programas próprios, como com um cartão de alimentação para os economicamente mais desfavorecidos, com o empréstimo de camas articuladas e cadeiras de rodas, com apoio a pequenas obras em habitações degradadas e com o programa de formação e ocupação em contexto de trabalho, que garante uma bolsa a quem o frequenta. O Município investe nesta área mais de meio milhão de euros anuais.
J.A.- O que pensa sobre as medidas tomadas pelo governo sobre o Covid 19 e sua vacinação?
P.C.- A forma como se procedeu à vacinação de tanta gente em tão pouco tempo é notável. As medidas tomadas foram no geral as adequadas, tendo em conta o que se sabia do vírus e da doença em cada momento. Portugal lidou bem com a pandemia. Claro que houve exageros, mas também ninguém sabia lidar com uma situação destas. Aqui na Madeira, o Governo Regional procurou ir além em algumas medidas, o que, não raras vezes criou confusão com as medidas nacionais e sobre quais regras deveriam ser adotadas.
J.A.- Que medidas pensa tomar durante este novo mandato?
P.C.- Queremos aprofundar algumas medidas iniciadas no mandato anterior, tendo sempre em conta a sustentabilidade. Na área do ambiente, queremos reformular o serviço de águas, alargar a rede de saneamento básico e continuar a investir na ETAR. Na mobilidade, queremos apostar na abertura de novas vias que criem novos centros, em vários pontos do concelho, que permitam a dinamização económica que já se sente na vila. Queremos continuar com o processo de modernização administrativa, aumentando os serviços municipais on-line, melhorando os serviços da Câmara com a contratação de mais pessoal. A melhoria das habitações das pessoas, com o Programa nacional «1.º Direito», é também uma prioridade para este mandato.
J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.C.- Há tanta coisa. Talvez destacasse a reformulação do sector das águas, que é dos que mais consome recursos financeiros à autarquia devido a uma rede envelhecida e a uma gestão que carece de eficiência. O alargamento da rede de saneamento básico e a recuperação das habitações são as outras duas áreas que necessitam de uma intervenção urgente.
J.A.- Como está a situação financeira da autarquia neste novo mandato?
P.C.- A situação financeira da autarquia é boa. A Câmara neste momento não tem dívida à banca e pagamos os nossos fornecedores a tempo e horas.
Através de uma gestão rigorosa e responsável, conseguimos executar obra e honrar os nossos compromissos com os nossos fornecedores. Está a chegar o momento de avançarmos para projetos mais desafiantes a nível financeiro, e para isso será necessário recorrer a empréstimo.
Queremos continuar a crescer e a fazer da Ponta do Sol um município mais desenvolvido e sustentável, numa política que marca pela proximidade com a população.
J.A.- A câmara presta apoio às juntas de freguesia?
P.C.- Sim, acreditamos que as juntas de freguesia desempenham um importante papel de proximidade, que temos vindo a promover. São essenciais para a construção de um concelho mais coeso territorialmente e com melhor racionalização dos recursos disponíveis.
A Câmara Municipal da Ponta do Sol transfere 150 mil euros anuais para as três juntas de freguesia do concelho. Os 150 mil euros foram distribuídos de acordo com a área, população e um fator corretivo que compense as transferências de Estado.
As verbas transferidas pelo Município da Ponta do Sol às Juntas de Freguesia destinam-se essencialmente à reconstrução e reparação de veredas e levadas, à colocação de varandas e varandins e à recuperação de mobiliário urbano na área de cada freguesia.
J.A.- Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia
P.C.- Que continuaremos a fazer um trabalho de excelência, como até aqui. Estamos a modernizar a Câmara e a transformar a Ponta do Sol, sempre com as pessoas como o centro da política. Continuaremos a transformar a Ponta do Sol para que seja um município de referência na Região Autónoma da Madeira.
J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.C.- É um jornal que desenvolve um trabalho de grande importância, por ser um meio que centra as atenções no trabalho dos autarcas, independentemente da sua dimensão.