António Joaquim Mendes Ferreira Gil
J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.J.- O setor primário é essencial não só para o concelho e para a freguesia, tradicionalmente agrícolas, mas também para o País. Infelizmente, a inércia dos sucessivos governos quanto à dimensão e dispersão do setor fundiário e a falta de investimento, associada à constante perda de população do interior, leva a que se verifique um desvalorizar do setor agrícola. Existe um problema grave de falta de mão de obra, sendo que a falta de rentabilidade da agricultura é um problema com que nos debatemos. É urgente tomar medidas ao nível do Poder Central para inverter este paradigma da gradual dissipação da importância do setor primário. Já relativamente ao turismo, é sobejamente conhecida a sua importância, quer para a criação de empregos e rendimento, quer para a criação de novas oportunidades de negócio e ainda para a divulgação da nossa freguesia além-fronteiras. Dentro da limitação orçamental com que as juntas de freguesia, em particular a nossa, se debatem, procuramos fazer a nossa parte. Temos vários merchandisings e apoiamos diversos eventos pela freguesia, tanto a nível associativo, como ao nível da Câmara Municipal. Temos também iniciativas próprias anuais, como por exemplo, o Magustão ou a Animação de Verão, que procura dinamizar os negócios locais através da música. Apoiamos ainda a divulgação de autores do concelho e quaisquer iniciativas que consideremos válidas.
J.A.-Como encara a violência nas escolas?
P.J.- Obviamente que encaramos qualquer tipo de violência, seja de que índole for, com preocupação. No entanto, não temos dados concretos do concelho para uma análise mais profunda a esta questão.
J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.J.- Somos uma freguesia com uma população maioritariamente idosa, muitas vezes com parcos recursos. Um dos maiores problemas prende-se com a carência ao nível dos cuidados de saúde, mais precisamente com a falta de médico de família. Em conjunto com a Câmara Municipal, estamos a tentar encontrar uma solução para a inversão desta situação. Além disso, e mais uma vez, dentro das nossas limitações, próprias de uma Junta de Freguesia, tentamos auxiliar a população no que está ao nosso alcance, sempre que somos solicitados para tal.
J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas. Temos verificado, cada vez mais, o aumento da imigração! Como reage às más condições, de trabalho e sustentação, que os mesmos estão ser tratados?
P.J.- Penamacor é um concelho no qual 10% da população é imigrante. Não vemos, no entanto, isso como um problema. A população imigrante está bem integrada e é uma mais valia para o concelho e para uma freguesia que têm uma clara falta de população residente. Vemos a vinda de imigrantes para a freguesia como uma oportunidade e fornecemos o apoio que podemos, seja ele no preenchimento de documentação ou no esclarecimento de dúvidas que possam ter. Apoiamos, também este ano, aulas de português para estrangeiros nas nossas instalações, sendo que as novas turmas deverão abrir no final do primeiro trimestre do próximo ano. Tentamos ter uma atitude proativa ao nível da integração da população estrangeira, minimizando problemas que daí possam advir e potenciando-os como uma mais valia para a freguesia.
J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros. Acha que as medidas tomadas pelo Governo são suficientes?
P.J.- Como referimos anteriormente, somos uma freguesia com uma população envelhecida e, muitas vezes, com poucos recursos. Seriam necessárias medidas mais efetivas neste campo, como, por exemplo, uma efetiva baixa do IVA nos bens alimentares.
J.A.- Com a chegada das temperaturas elevadas, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
P.J.- A freguesia de Penamacor tem uma extensão territorial de mais de 373 km2, com cerca de três mil km de caminhos. Tentamos, dentro das nossas possibilidades, realizar a limpeza de caminhos por toda a freguesia, trabalho que é efetuado durante todo o ano e não apenas na altura de maior calor. Trabalhamos também em conjunto com a Câmara Municipal para a criação de faixas de gestão de combustível.
J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.J.- Tal como referimos acima, um dos problemas prende-se com a nossa enorme extensão territorial que, associada a recursos financeiros e humanos limitados, fazem com que, muitas vezes, seja impossível chegar a todo o lado. Ainda assim, pensamos estar a realizar um trabalho digno nesta área, mantendo os caminhos transitáveis. Outro dos problemas, que também já referimos, é a falta de população, associada igualmente à falta de emprego. Acaba por ser uma “pescadinha de rabo na boca”, pois, não havendo investimento e emprego, não há população e não havendo população, não há mão de obra.
J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia?
P.J.- Aproveitamos esta espaço para recordar que, desde janeiro de 2023, a Junta de Freguesia passou a estar aberta, de segunda a sexta-feira, entre as 9:00 e as 12:30, com um funcionário a tempo inteiro. Esta é mais uma resposta que procuramos dar à nossa população, permitindo uma comunicação mais fácil entre esta autarquia e os seus fregueses e fornecer um horário mais alargado, para que, quem nos procura, possa aceder aos nossos serviços. Convidamo-los também a conhecerem a nova página de Internet desta autarquia, disponível em freguesiapenamacor.pt.
J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.J.- O trabalho do Jornal das Autarquias é muito meritório, dando voz a quem, muitas vezes, não a tem e é esquecido pelos meios de comunicação generalistas. É aqui que reside o maior mérito do jornal: dar a conhecer todas as autarquias e o trabalho dos seus responsáveis, inclusive destas do nosso Portugal profundo, criando mais uma ponte de comunicação com a nossa população. Nunca esquecendo que o poder local é um dos pilares da democracia, damos os parabéns pelo vosso trabalho e desejamos que continuem firmes nos vossos propósitos muitos mais anos