Entrevista do Presidente da Câmara Municipal de Coimbra

 José Manuel Monteiro de Carvalho e Silva

J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.C.-No âmbito do setor primário, mais importante no concelho de Coimbra do que se possa pensar, nomeadamente pela fertilidade dos campos do Mondego e pela relevância da Escola Agrícola, ambicionamos um concelho de Coimbra que esteja na linha da frente da sustentabilidade, da resiliência, da defesa do ambiente, da economia circular e das regiões inteligentes – os grandes desafios de futuro da nossa sociedade.
O turismo é uma área essencial para a autarquia conimbricense, tendo o bem Universidade, Alta e Sofia sido classificado pela UNESCO faz agora 10 anos. Afinal, Coimbra foi a primeira capital de Portugal e acolhe o primeiro Panteão nacional, bem como a primeira Universidade portuguesa, fatores fundamentais na procura turística da cidade. Também o facto de Coimbra ser uma cidade repleta de património histórico-cultural, a que pretendemos dar cada vez mais visibilidade, contribui para enfatizar a importância do turismo na autarquia.
As nossas ideias passam por elevar Coimbra, uma cidade apaixonante, com história e características únicas, a um polo sustentado de atração turística de primeira grandeza e de qualidade superior, a nível nacional e internacional. Queremos também tornar a preservação e dinamização do património, o turismo cultural, de natureza, de lazer e de saúde, uma das bases mais sólidas para a prosperidade de todo o concelho, com efeitos positivos também para a região envolvente.

J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
P.C.-A violência doméstica é um problema nacional que devemos todos empenharmo-nos por minimizar, também a nível autárquico.
As medidas que têm sido tomadas pelo Governo são importantes, no entanto esta é uma questão em que todas as medidas serão insuficientes enquanto continuarem a morrer vítimas de violência doméstica.
A nível autárquico, os serviços da Divisão de Ação Social estão diariamente no terreno a acompanhar as situações sinalizadas, bem como a CPCJ.
No entanto, na era digital que atravessamos, é fundamental melhorar a informação e canais de comunicação disponíveis, para tornar acessíveis ao maior número possível os mecanismos de intervenção existentes e, não raras vezes, de superação dos constrangimentos impostos por sentimentos como a vergonha e o medo, bem como permitir a denúncia e pedidos de ajuda relativamente a situações como a violência doméstica, o tráfego de seres humanos, a violência sexual, entre outros.

J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.C.-As populações mais enfraquecidas necessitam sempre de um forte apoio médico-social, cultural, educativo e formativo. Os problemas sociais ultrapassam-se melhor com mais cultura. O atual Executivo pretende uma Coimbra inclusiva, cuidadora e protetora, que ajude os munícipes com necessidades a encontrar um rumo de autonomia, que dispõe de oferta habitacional ao alcance de todos, onde as oportunidades não se regateiam, os caminhos sejam de segurança e realização, e as pessoas construam um sentimento de pertença e de vida plena.

J.A.- Que medidas pensa tomar durante o seu mandato?
P.C.-A situação de Coimbra está, hoje, à vista de todos e motivou as recentes e vincadas mudanças na condução dos destinos do concelho. Coimbra foi reduzida a uma cidade de alguns serviços públicos em declínio, dependendo excessivamente dos indicadores e recursos humanos proporcionados pela sua Universidade e pelo seu Centro Hospitalar, setores que padecem com o claro desinvestimento público, e sofrendo o esmagamento entre as duas áreas metropolitanas do país.
Os censos de 2021 vieram quantificar a evidência. Enquanto cidades como Braga, Aveiro, Leiria e Viseu cresceram em população desde os censos de 2011, Coimbra manteve a trajetória descendente no número de residentes. O contraste é evidente. Segundo os censos 2021, Coimbra é hoje apenas o 16º concelho do país, perdendo sobretudo jovens, por falta de emprego, tornando-se num concelho cada vez mais envelhecido. Coimbra está a perder a sua maior riqueza: PESSOAS e TALENTOS! 
Por tudo isto, é necessário e emergente transformar, modernizar e acelerar Coimbra e todo o município.
Ambicionamos que o concelho de Coimbra seja uma primeira escolha para os investidores e criadores de emprego, tirando partido dos nossos excelentes sistemas de ensino e saúde, bem como da nossa centralidade geográfica, cosmopolitismo e de uma renovada capacidade de atração de jovens de todo o mundo para aqui estudar, trabalhar e viver. É claro o objetivo de tornar Coimbra um grande local para os jovens mais talentosos poderem expandir a sua energia e criatividade e concretizarem as suas ideias, com sólidas oportunidades de emprego e condições propícias para construir um futuro gratificante e aprazível, em que a educação seja de grande qualidade e esteja ao alcance de todos.

J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.C.-As grandes linhas estratégicas para o futuro próximo, em que já estamos a trabalhar arduamente, passam por melhorar, digitalizar e acelerar a organização camarária, captando mais investimento público e privado, estimular a criatividade e produção, recuperar o património e criar mais riqueza e emprego, melhorar a qualidade de vida e os transportes, com particular ênfase nos SMTUC, cujo investimento será reforçado, construindo um ciclo de prosperidade, bem-estar, reconstrução e revivificação sustentável do concelho de Coimbra.
No pouco tempo que decorreu desde a tomada de posse, a 18 de outubro, a principal preocupação foi a de tomar contacto com a realidade da Câmara e desencadear o processo de digitalização e aceleração. Hoje, ao contrário do passado, o presidente da Câmara apenas despacha em suporte informático e não tem despacho atrasado, o que tem induzido um processo de transformação muito positiva nos serviços camarários.
Importa enaltecer e agradecer aos trabalhadores da CM de Coimbra, porque é de toda a justiça fazê-lo, o enorme e empenhado contributo que têm dado à melhoria contínua dos procedimentos camarários. Hoje, todos procuramos apresentar soluções para quaisquer problemas, visando o melhor e o mais rápido resultado possível.

J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste novo mandato?
P.C.-A CM de Coimbra tem uma boa saúde financeira, um orçamento equilibrado, e não tem grandes dívidas. Porém, Coimbra não tem uma boa saúde de desenvolvimento, por falta de investimento público e privado e por ausência de linhas estratégicas de visão futura e de grandes projetos transformadores e esse é que é o problema. Com a guerra da Ucrânia, a inflação e o aumento dos custos dos materiais, Coimbra, à semelhança de outras autarquias, está a passar um momento traumático em termos financeiros. O Estado central arrecada cada vez mais impostos com a inflação, e as autarquias são deixadas à míngua absoluta.

J.A.-Qual o apoio que presta apoio às juntas de freguesia?
P.C.-Temos desde o início de 2023 uma Divisão de Apoio às Freguesias dedicada em exclusivo às questões ligadas às Juntas de Freguesia. Existem acordos com as juntas de freguesia, no âmbito da transferência de competências. O que pretendemos é um concelho de Coimbra em que todas as freguesias e uniões de freguesias sejam verdadeiras parceiras da Câmara Municipal, para proporcionar às pessoas melhores condições de vida e para conseguir um desenvolvimento harmonioso do concelho, incluindo das freguesias mais afastadas do centro da cidade, sem qualquer forma de discriminação. Um concelho é a soma das suas freguesias.

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia
P.C.-Temos o sonho, a competência e a determinação de desenvolver o concelho de Coimbra e projetá-lo para um futuro de qualidade, humanismo, progresso, tecnologia, criatividade, cultura, solidariedade e prosperidade sustentável, uma cidade amiga e respeitadora das pessoas, do ambiente e dos animais.
Vamos libertar o imenso potencial de Coimbra e da sua gente.
Vamos recolocar Coimbra no lugar que merece!

J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.C.-O trabalho do Jornal das Autarquias é fundamental junto do poder local, uma vez que é um importante veículo de divulgação do trabalho autárquico.
Quero ainda apelar a todos os leitores do Jornal das Autarquias que que visitem Coimbra e venham conhecer todo o potencial que o concelho tem para oferecer.

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