Entrevista ao Presidente da União de Freguesias de Faro

Bruno Lage

J.A.- Qual a importância para si do trabalho desenvolvido pelos autarcas de freguesia?
P.U.F.-Em primeiro lugar quero agradecer o facto do Jornal das Autarquias me ter entrevistado para poder partilhar convosco algumas notas, considerandos e experiências enquanto presidente de Junta de Freguesia.
Como sabemos, as freguesias constituem o pilar base da organização administrativa territorial do estado, zelando pela organização, planeamento, e manutenção dos seus territórios.
Têm a incumbência de promover e salvaguardar os interesses próprios das populações, em estreita articulação com o município.
A sua proximidade e facilidade de acesso aos cidadãos assume um referencial incontornável da sua atuação na resolução de problemas locais, quotidianos, concretos e urgentes, na representatividade democrática e na defesa dos interesses coletivos da comunidade. Ao mesmo tempo, as freguesias têm também contribuído, sobretudo, para o desenvolvimento regional, para o combate às assimetrias, para a evolução e desenvolvimento dos territórios e para o apoio sócio-cultural às populações locais.
Para nós, autarcas de freguesia, é uma honra e um orgulho contribuirmos com o nosso trabalho e com as nossas bandeiras para o desenvolvimento das nossas terras e consequentemente do nosso país.

J.A.- O território da sua freguesia apresenta-se bastante diversificado. Isso apresenta condicionantes e dificuldades?
P.U.F.-A Junta que tenho a honra de presidir, a União das Freguesias de Faro, resulta da agregação da Junta de Freguesia da Sé com a Junta de Freguesia de São Pedro.
Tem uma área de 75 km2, mais de 39500 eleitores e apresenta características territoriais e sociais muito heterogéneas, pois para além do ambiente urbano vivido na cidade de Faro, contamos com os núcleos habitacionais das ilhas barreira na Ria Formosa e o mundo rural vivido no Patacão, Arneiro, Rio Seco e Virgílios.
Esta realidade impõe grandes desafios ao nível da coesão territorial e social, bem como exigências em termos de sustentabilidade ambiental.
Contudo devemos olhar para esta realidade não como dificuldades, mas sim como oportunidades! Temos o privilégio de atuar e trabalhar num ambiente eclético, numa das 7 maravilhas naturais de Portugal, que é a Ria Formosa, e onde o mundo urbano e o mundo rural se fundem numa simbiose quase perfeita!

J.A.- Que balanço faz do último mandato e quais foram as grandes bandeiras?
P.U.F.-Apostámos nos Jardins e Espaços Verdes, melhorando a sua estética e a sua qualidade ambiental. Investimos no mobiliário urbano, adquirindo bancos, mesas e equipamentos desportivos. Valorizámos e humanizámos o espaço público, dando mais conforto e segurança a quem o utiliza. Olhámos para a área rural da nossa freguesia, bem como para a Ria Formosa e para as suas ilhas barreira apoiando os seus núcleos habitacionais e aproximando Faro destas comunidades.
Estivemos mais presentes. Nos bons e nos maus momentos. E por isso somos agora uma freguesia mais próxima do cidadão e mais inclusiva. Com mais responsabilidade social e mais capacidade de apoiar quem precisa!
Tivemos sempre o ambiente e a sustentabilidade como uma das nossas grandes causas e fizemos da cultura e da história da nossa terra as nossas maiores bandeiras! Não foi por acaso, que em junho, recebemos o galardão ECO-FREGUESIAS XXI com o prémio de Freguesia mais Sustentável de Portugal obtendo uma classificação de 96,72% a mais alta alcançada até hoje!!! É um orgulho para nós, para Faro e para os farenses! E somos agora um exemplo a nível nacional!
Isto prova, que com vontade e determinação, podemos mudar paradigmas e por isso devemos olhar para a vida de autarca de freguesia como uma missão e não como uma profissão.
Devemos ter ética nas nossas decisões!
Não ter horário e estarmos mentalizados que podemos ser chamados a qualquer hora.
Ter uma equipa de confiança e com quem gostamos de trabalhar!
Saber respeitar a oposição! E governar para todos e não para alguns, pondo o interesse coletivo sempre em 1º lugar.
Estas são para mim as ferramentas essenciais para termos uma gestão de sucesso e respeitada por todos!

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia e que medidas pensa tomar durante este novo mandato?
P.U.F.-Acima de tudo uma mensagem de agradecimento por terem apostado em nós para mais quatro anos e também uma mensagem de confiança. Por isso aqui estamos, para darmos continuidade ao trabalho iniciado em 2017. Tudo faremos para ter uma freguesia mais sustentável, mais coesa, com mais qualidade de vida e pretendemos reforçar as nossas competências!
Queremos uma cidade ainda mais digna, mais bonita e mais atrativa. Para isso vamos continuar a desenvolver parcerias com atores estratégicos, de forma, a desenvolvermos projetos criativos e inovadores em matéria de Regeneração, Sustentabilidade e Dinâmica Urbana.
Vamos continuar a trabalhar em estreita articulação com o município de forma a desenvolvermos uma cidade funcional, coesa, integradora, inclusiva e que continue a oferecer uma boa qualidade de vida!
Queremos que Faro se assuma definitivamente como uma cidade náutica! E que olhe para o mar como uma fonte de oportunidade e riqueza!
Vamos continuar a apostar e sensibilizar para a sustentabilidade ambiental, para a Ecoeficiência, para as tecnologias limpas e para a valorização dos recursos naturais endógenos, não apenas como requisito essencial à qualidade de vida dos cidadãos, à proteção dos recursos e à solidariedade inter-geracional, mas também como uma oportunidade para o crescimento económico, social e cultural da nossa cidade e da nossa freguesia.
Para além disso, queremos continuar a valorizar a nossa história e o nosso património, desenvolvendo estudos e publicações sobre as nossas raízes, os nossos costumes e a nossa cultura.
Vivemos numa freguesia cheia de história que devemos preservar e valorizar!

J.A.-A câmara presta apoio às juntas de freguesia?
P.U.F.-De facto assim é. De igual importância, foi o trabalho em articulação, e a colaboração dos serviços do Município de Faro, e da confiança do presidente Rogério Bacalhau que nos entregou a Gestão e Manutenção dos Jardins e Espaços Verdes da Cidade e outras tarefas, como a manutenção de equipamentos públicos, nomeadamente a pintura e arranjo de bancos, as pequenas reparações nas escolas do 1º ciclo, alcatroamento de caminhos rurais e a manutenção e desmatação de bermas, valas e valados. Estou convicto que sempre correspondemos de acordo com as expetativas e o meu muito obrigado pela confiança em nós depositada!
Aproveito para referir a importância para uma Junta de Freguesia que se quer eficiente, e proativa, poder trabalhar com um presidente de Câmara como o Prof. Rogério Bacalhau, que sabe ouvir, respeita as freguesias, é sensível aos nossos problemas e que está sempre do lado da solução.

J.A.- O Jornal das Autarquias existe desde 2007! Quer deixar-nos a sua opinião sobre o trabalho do mesmo?
P.U.F.-O Jornal das Autarquias tem ao longo destes 15 anos de existência sido um dos principais meios de divulgação e promoção do trabalho efetuado pelo poder local um pouco por todo o país. Trabalho essencial para o desenvolvimento das nossas comunidades, do nosso território, no combate às assimetrias, mas que muitas vezes é esquecido e secundarizado. Por isso, o Jornal das Autarquias tem tido um papel preponderante na partilha de informação, conhecimento e de metodologias de trabalho ajudando a capitalizar o importante trabalho levado a cabo pelas nossas autarquias em todo o território nacional.
Obrigado por existirem e por valorizarem o nosso trabalho!

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