Entrevista da Câmara Municipal de Borba

Resposta dada pela Vereadora Sofia Alexandra Dias

J.A.-O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
C.M.-A autarquia valoriza todas as áreas e setores, pés embora tenhamos, indiscutivelmente de priorizar algumas áreas. O turismo, quer pela sua franca expansão, quer pelo protagonismo que detém, tem sido umaaposta desta autarquia. Apostamos nas nossas Feiras, Festas e Romarias, com o objetivo de oferecer aos nossos munícipes eventos renovados e melhorados, mas principalmente para que o turista acredite que vale a pena participarnos nossos eventos e visitar o nosso concelho. Apostamos em materiais de divulgação apelativos, quer fisicamente, quer digitalmente. E temos melhorado a nossa capacidade de comunicação, levando o concelho a mais pessoas.
O setor primário, pela sua relevância terá, sempre, um olhar atento por parte desta autarquia, reconhecendo-lhe elevada importância. Somos um concelho de mármore, vinha e olival, e como tal, somos um concelho onde grande parte da empregabilidade e atividade económica se traduz em atividades deste setor.

J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
C.M.-As medidas adotadas contra a violência doméstica estão longe de serem suficientes ou adequadas ao problema social. Urge pensar no agressor (ou agressora) e debruçar sobre ele(a) toda a lógica de intervenção. A vítima não pode continuar a ser dupla e triplamente vitimizada quando é forçada a sair da sua habitação para uma instituição de acolhimento, ou quando perde o seu emprego porque teve de sair do seu concelho. Outros exemplos poderiam ser dados. A lógica de intervenção está errada. E por isso afirmo sem qualquer pudor que as medidas são insuficientes e que necessitam, urgentemente, de ser repensadas.

J.A.-Como encara a violência nas escolas?
C.M.-Preocupante, mas lamentavelmente é o reflexo da nossa sociedade, onde se detona uma elevada agressividade, egoísmo e faltam os princípios. A autarquia tem apostado na sensibilização dos jovens em estreita articulação com o agrupamento, pois consideramos que é muito importante sensibilizar para distintas áreas como o bullying, violência entre pares, violência de género, violência doméstica, entre outros.

J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
C.M.-Além de Vereadora, sou também Presidente da CPCJ de Borba, e como tal tenho alguma experiência em situações desta natureza. Em qualquer faixa etária os maus tratos são inadmissíveis, preocupantes e cada vez mais frequentes. Também sobre estas matérias o poder local, central e nacional deveria adotar uma intervenção concertada e alinhada para que se possa minimizar os danos nas vítimas, e evitar a progressão de situações futuras.

J.A.-Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
C.M.-Analisando os pedidos de ajuda que nos chegam, estes assentam fundamentalmente no pagamento de dívidas face a despesas correntes do dia-a-dia (renda, água, eletricidade, etc.). No entanto grande parte destas famílias é falha ao nível da gestão dos seus recursos, pelo que, não sei se poderemos afirmar de forma generalista que as populações necessitam de recursos financeiros, quando em muitos casos aquilo que se passa é uma má gestão dos poucos recursos disponíveis. Todavia, os recursos são efetivamente reduzidos, mas aumentá-los por si só, sem uma base de educação e de gestão financeira e doméstica, não resolverá o problema, e atrevo-me a afirmar que apenas o irá agravar.

J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas. Temos verificado, cada vez mais, o aumento da imigração! Como reage às más condições, de trabalho e sustentação, que os mesmos estão ser tratados?
C.M.-No nosso concelho esta problemática não se denota predominante, nem acrescida. No entanto, casose verifique a necessidade de intervenção estamos preparados e conscientes das suas necessidades. Todavia, atuaremos em estreita articulação com o poder central, na medida em que são detentores de uma maior experiência e conhecimento de intervenção com esta temática.

J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre o parque da habitação?
C.M.-Todo o tipo de medidas no âmbito da habitação, que seja habitação em regime normal, regime apoiado, rendas controladas, rendas sociais, ou outras tipologias, são fundamentais para as famílias e para o território. No nosso concelho em particular, existe uma lacuna bastante vincada ao nível das habitações. Faltam habitações no mercado de arrendamento. Faltam habitações para jovens, para famílias que se queiram fixar no nosso concelho. E faltam habitações para famílias carenciadas.
Nesse sentido, e reforçando a ideia anterior, toda e qualquer medida será sempre bem-vinda e trabalhada no sentido de darmos melhores condições aos nossos munícipes e às famílias que pretendam fixar-se no concelho.

J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros. Acha que as medidastomadas pelo Governo são suficientes?
C.M.-O mercado por si só apresenta valores mais elevados. Nos bens alimentares urge procurar e adotar medidas que efetivamente garantam que as famílias consigam colocar na sua mesa todos os alimentos de que necessitam. Pela atual conjuntura, as famílias vêm-se obrigadas a fazer escolhas e a alimentação não pode ser uma delas.

J.A.- Com a chegadadas temperaturas elevadas, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
C.M.-Além das medidas comummente adotadas, o Município de Borba desenhou uma imagem apelativa e bastante intuitiva para divulgação dos avisos com a total colaboração do Serviço Municipal de Proteção Civil.

J.A-.- Com a chegada das temperaturas elevadas, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
C.M.-Questão repetida.

J.A.-Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
C.M.-Diria que em todas as áreas de intervenção existem problemas e situações a melhorar. Raro era se assim não fosse. No entanto, existem obviamente alguns aspetos que consideramos urgentes. O parque habitacional é um dos principais problemas e preocupações. Interfere com a qualidade de vida e com a pouca dignidade em que algumas pessoas vivem. Os problemas sociais, as dificuldades económicas e a má gestão doméstica fazem com os pedidos de apoio social aumentem. Também aqui é urgente intervir. A par destas problemáticas, a ausência de edifícios sustentáveis é preocupante. Mesmo edifícios recentes não foram pensados e construídos com o suporte de energias renováveis. Estamos atentos e empenhados na resolução destes e de outros problemas.

J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste mandato?
C.M.-O Executivo tem desenvolvido todas as ações possíveis tendentes à melhoria da situação financeira do Município. A par da grande maioria das autarquias, suponho, a situação financeira não está na sua pior fase, mas é de facto sensível. A transferência de competências tem-se verificado ser um conjunto de competências extremamente complexas, quer do ponto de vista da sua operacionalização, quer da execução financeira. O aumento dos preços, de forma generalizada tem sido um dos grandes problemas, se não o mais substancial neste domínio.

J.A.-Qual o apoio que presta às juntas de freguesia?
C.M.-Trabalhamos com as juntas de freguesia numa lógica de proximidade diária, pelo que estamos ao seu lado sempre que de nós necessitam.

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia?
C.M.-Obviamente, o cargo que o Executivo ocupa, e aqui falo pela equipa, é um cargo desafiante e que exige a tomada de decisões. As nossas decisões são sempre tomadas a pensar no bem-estar dos Borbenses e naquilo que nós consideramos ser o melhor para o concelho. É normal que algumas das nossas decisões não sejam do agrado da maioria, sabemos disso, e aceitamo-lo com a maior naturalidade. Estávamos perante uma situação rara e possivelmente única se assim não fosse. Opiniões distintas levam ao diálogo, levam à reflexão, e quando trabalhadas em prol do mesmo, levam, inevitavelmente, à construção de algo melhor. A mensagem que queria transmitir é muito simples, que nunca duvidem de que estamos aqui a fazer o nosso melhor, com as ferramentas que estão ao nosso alcance e sempre a pensar no bem-estar dos Borbenses e no desenvolvimento do concelho.

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