Entrevista ao Presidente da Junta de Freguesia da Calheta de Nesquim

Óscar Pimentel

J.A.- O turismo e o sector primário são valorizados nessa autarquia?
P.J.- A freguesia da Calheta tem vindo a crescer no sector do turismo. Temos cada vez mais pequenos empresários a investir no ramo e tem vindo a prosperar e a levar o nome da freguesia além fronteiras. Contudo, a nossa terra é muito mais que o turismo e os turistas que por cá passam. Nós somos terra, nós somos mar... nós construímos, nós produzimos... A Calheta de Nesquim é uma freguesia dinâmica e a Junta de Freguesia tem estado ao lado das empresas, dos empresários em nome individual e tem feito os possíveis para apoiar tudo e todos.

J.A-As medidas já tomadas pelo Governo contra a violência doméstica, serão suficientes para atenuar esse flagelo?
P.J.- Não. A violência doméstica continua a ser um problema na nossa sociedade. É um problema de mentalidades e enquanto isso não mudar, o problema vai persistir.

J.A.-Como encara a violência nas escolas?
P.J.- A violência nas escola não devia acontecer. Mas infelizmente enquanto houver violência nas famílias, essa mentalidade vai passar para as crianças. Para além disso, a falta de auxiliares da acção educativa nas escola, também não ajuda no combate à violência nas escolas. O governo poderia começar por reforçar os quadros de pessoal nas escolas, para poder haver mais controle e vigilância.

J.A.- Existem cada vez mais maus tratos, tanto em adultos como em crianças, incluindo violações. Quer falar sobre o assunto?
P.J.- Esse é um assunto complicado. Neste momento não temos conhecimento de situações dessas na nossa freguesia, contudo estamos atentos a situações que possam surgir.

J.A.- Que recursos financeiros necessitam as populações mais enfraquecidas (a vários níveis) nessa autarquia?
P.J.- A população cada vez mais tem dificuldades financeiras. Os ordenados nao tem acompanhado a subida de custo de vida e as famílias começam a ter dificuldades económicas. Na nossa freguesia temos situações de dificuldades económicas que levam a situações de precariedade de habitação própria e é nesse sentido que temos trabalhado junto das autoridades competentes para conseguir apoios para habitações degradadas e assim conseguir, caso a caso, melhorar o parque habitacional da nossa freguesia.

J.A.- Como reagiu essa autarquia com a chegada de imigrantes, quais as medidas que foram tomadas?
P.J.- Infelizmente o envelhecimento da população começa a pesar na nossa freguesia e estamos a perder os nossos idosos e os jovens vão estudar e muitos acabam por não regressar, porque aqui é difícil encontrar saídas de trabalho.
A chegar de imigrantes é importante, porque precisamos de aumentar a nossa população. Esta situação é importante para nós e tentamos acolher bem todos os que procuram a Calheta de Nesquim para residir.

J.A.- O que pensa sobre as medidas que o Governo quer implementar sobre sobre o parque da habitação?
P.J.- O Governo Regional tem estado junto das populações no sentido de apoiar as famílias com mais necessidade, contudo, ressalvo o fato de muitas vezes os apoios serem insuficientes e com a dificuldade de acesso aos créditos e com a subida absurda dos preços, cada vez mais vão ficar apoios por executar, porque as famílias não tem capacidade financeira de pagara o valor em falta.

J.A.- Os preços dos bens alimentares, cada vez estão mais caros! Quais medidas deverá tomar o Governo para colmatar esse flagelo?
P.J.- A população precisa de comer e o Governo não pode deixar as famílias a morrer à fome. É urgente tomar medidas... é urgente tabelar preços de venda de produtos essenciais, senão a subida desenfreada de preços nunca mais vai parar.

J.A.- Que medidas pensa tomar durante o seu mandato?
P.J.- Durante este mandado queremos estar próximos da nossa população, ajudando dentro das nossas possibilidades. A Junta de Freguesia existe para servir a população e zelar pelo património da freguesia e é para isso que aqui estamos... foi para bem servir que aceitamos este desafio.

J.A.- Com a aproximação do tempo quente, Verão, quais as medidas que foram tomadas para precaver o flagelo dos incêndios?
P.J.- Felizmente esse não é um dos maiores problemas nos Açores.

J.A.- Que problemas mais prementes necessitam de intervenção rápida nessa autarquia?
P.J.- Neste momento o nosso maior problema é o envelhecimento da população e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Estamos a 18 km da sede de concelho, onde existe um centro de saúde a trabalhar em instalações provisórias, com falta de pessoal e de recursos. Precisamos urgentemente de melhor serviço de saúde público... Não precisamos só de instalações, porque ter instalações sem recursos não resolve o nosso problema maior. Precisamos de médicos, enfermeiros, material e principalmente de proximidade à população.

J.A.-Como está a situação financeira da autarquia neste novo mandato?
P.J.- A Junta de Freguesia da Calheta de Nesquim tem um orçamento pequeno que gerido com pinças consegue esticar até ao final do ano. Claro está que se tivermos mais verba, conseguimos executar mais obra. Mas sozinhos não conseguimos chegar a todos os pontos importantes, para isso temos contado com o apoio da Câmara Municipal das Lajes do Pico e dos serviços de Ilha do Governo Regional, nomeadamente da Direcção Regional do Ambiente e da Direcção Regional das Obras Públicas.

J.A.-Que mensagem quer transmitir à população da sua autarquia
P.J.- A Calheta de Nesquim é uma freguesia de beleza impar e temos trabalhado arduamente para manter a nossa freguesia aceada. Ajudem-nos a manter a nossa freguesia limpa!
Precisamos de cativar os visitantes, para que voltem e contribuam para a economia local e principalmente precisamos de acolher os novos habitantes para que juntos possamos crescer mais e melhor.

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